domingo, 18 de maio de 2008

cento e setenta e dois

Era um daqueles caras comuns, que parecem meros figurantes da nossa vida. Ele tinha a vidinha dele, os amigos de infância, aquela coisa limitada e familiar. E ele até gostava disso tudo. Porém, por trás daquele visual neutro, ele fantasiava com mulheres alternativas, com piercings e, principalmente, tatuagens. Era uma tara que começou ao ver uma punk no metrô e se estendeu ao material pornográfico que ele buscava na internet.

A vida dele mudou quando descobriu o Suicide Girls. Virou assinante e dedicava boas horas do dia à masturbação atlética. Era seu único vício na vida. Mas que vício!

Com o tempo, foi se afastando da família, dos amigos e de tudo. Seu rendimento profissional caiu e o pensamento era fixo: tatuadas. Mas ele não sabia onde encontrar essas mulheres tão perfeitas. Como falei, ele não vivia o meio alternativo. Não frequentava o monopólio da Casa da Matriz. Não usava óculos de aro grosso, nem as roupas da moda. Na verdade, nem sabia que isso era pré-requisito para entrar nesse mundinho. Até porque ele não sabia que esse mundinho existia.


Continua no Bigorna (blog dos textos grandes).

Nenhum comentário: