terça-feira, 11 de maio de 2010

quatrocentos e quarenta

Manual prático de como fazer faculdade

Já se passaram 8 anos desde que eu dei início às minhas formações de nível superior. Talvez sejam 8 anos exatos, porque lembro que algo adiou o início das aulas de 2002 para maio. Passei por vários cursos e acompanhei muitas mudanças nesse período: mudanças no sistema do vestibular, mudanças curriculares e nos corpos docentes (e discentes, claro). Já concluí formações, bem como tranquei algumas, abandonei outras e estou cursando uma outra. Já estagiei em praticamente todos os prédios da UFRJ e já participei de diversos seminários, palestras e eventos em geral, especialmente os que oferecem boca-livre. Também passei por universidade particular e até ostento um belo diploma devidamente pago. Dá pra fazer muita coisa em 8 anos e eu diria que estou aproveitando bem a minha (longa) vida de estudante universitária. Apesar de tudo, o meu principal interesse acadêmico ainda não encontrou espaço para se desenvolver: a pesquisa. Não que não haja pesquisa nas universidades, mas o problema é que um bolsista de pesquisa deve pesquisar o que o orientador deseja pesquisar, e, inexplicavelmente, todos os pesquisadores de Comunicação se interessam por muita bobagem (ao meu ver, obviamente).

Por outro lado, ganhei uma ótima bagagem sobre um assunto que não estava nos planos: a picaretagem. Aprendi que é possível se formar sem assistir às aulas e que, na verdade, as aulas não servem pra nada, a não ser para a submissão de grupos de jovens aos mais variados discursos unilaterais, sejam eles de caráter político, econômico ou terapêutico. Também aprendi que vale mais ter um amigo qualquer para assinar a lista de presença do que ter amizades sinceras baseadas em compartilhamento de interesses comuns. Ser visto é melhor do que produzir discretamente. Saber se vestir bem é fundamental. Assumir e ter orgulho de pertencer à classe média ou alta é quase um pré-requisito, e aprender a mentir (ou omitir) se faz necessário aos poucos gatos pingados que precisam enfrentar o busão lotado, o engarrafamento e as nossas terríveis vias expressas que nos conduzem lentamente lá da putaquiupariu pra alguma dessas "ilhas de elite". É melhor justificar uma falta com uma viagem ao exterior do que com um caos na Avenida Brasil. Caso você queira aprender, pesquise. Pode até ler os livros que os professores indicam, é até melhor pras suas relações profissionais do que garimpar uma monografia repleta de conteúdo. Estude, sim, mas por fora: faça cursos, leia em casa, use a Internet e seja crítico sempre. E, pra finalizar, é preciso caprichar no networking: puxar saco de professores (E MUITO!), sustentar "conversas de xérox" e sorrisos de corredor, e, principalmente, ser proativo nesse processo. Porque professor universitário que é professor universitário tá pouco se lixando pra você. A preocupação deles é com marketing pessoal e tudo que você puder fazer para facilitar a vida deles nesse sentido será extremamente bem-vindo. Quanto às suas questões profissionais e orientações sobre os SEUS interesses, eles não têm tempo. Afinal, precisam fazer as malas pra viajar pro próximo congresso, onde vão encher a cara com a galera mais cool do meio acadêmico. Funciona assim. E é exatamente por essas (e outras) que eu quero seguir carreira acadêmica.