terça-feira, 28 de julho de 2009

quatrocentos e cinco

Crise da idade

Esse negócio de aniversário é muito esquisito. Uma vez a cada 365 dias (ou 366), você comemora mais uma translação completa. Na infância, o dia que você nasceu é marcado por petiscos, bolo e presentes. Aí você cresce, acostumado com aquela idéia de que pelo menos uma vez por ano você deveria ser especial. Mas não é bem assim. Se a tal data cair numa sexta ou sábado, até vai. Mas caindo num dia de semana, o dia que deveria (?) ser tão especial acaba é caindo no esquecimento. A primeira pessoa a me dar os "parabéns" foi uma atendente de telemarketing. Uma das milhares que passam pelos meus ouvidos diariamente, na infeliz saga de tentar resolver as malditas burocracias da vida adulta. Acho que vai ser assim até eu morrer: problema atrás de problema (quando não estiverem sobrepostos). A vida adulta pode ser definida como o período que inicia quando você assume seu primeiro problema burocrático e termina quando você finalmente se livra de todos os ainda pendentes. Sempre senti essa mesma melancolia nesse dia que talvez seja mais divertido pra Sasha, pra Daniela Mercury ou pro Hugo Chávez. Talvez o problema não seja a vida adulta.

Acabei de subir mais um degrau na escada das idades. Talvez seja isso. De um instante pro outro, você envelhece um ano inteiro. E rola aquele exame de consciência. Em 1999 eu poderia jurar que hoje estaria realizada profissionalmente e que teria uma família, filhos e etc. Não imaginava que a realização durasse menos de 10 minutos, nem que amor fosse um sentimento tão fraco e instável. As coisas nunca são como a gente gostaria, é verdade. Nunca imaginaria que perderia tantas pessoas importantes em apenas uma década. Pior: não imaginava que completaria o ciclo ganhar-e-perder dentro de uma década. As pessoas que me apresentaram ao mundo se foram. As pessoas que me fizeram acreditar que isso aqui talvez tivesse algum sentido também já estão completamente fora do meu campo de visão. Quem falou que solidão é ruim? Quem falou que insegurança e instabilidade são negativos? E, poxa, também não estou tão sozinha no mundo assim, é verdade. Mas o meu olhar mudou nos últimos anos. E bate essa melancolia, como se nada fosse suficiente.

Parece que todas as decepções, frustrações, derrotas e perdas se espalham por todas as células do corpo. Como se essa bagagem de melancolia se tornasse algo indissociável do core. E o resto do mundo se ocupa em manter distância de cores alheios. Afinal, cada um carrega seu próprio elefante nos ombros. Então chove no dia do seu aniversário, que termina do mesmo jeito que começa, pincelado por alguns spams e meia dúzia de mensagens mais políticas do que sinceras. E você acha isso muito normal, afinal, você não é capaz de listar meia dúzia de datas de aniversários alheios. Ao menos não de meia dúzia de pessoas vivas. Por mais que eu me sinta culpada por isso, é algo comum demais para me abalar. E eu não sei mais o que me conduz a essa melancolia. Talvez sejam as músicas do Beck. Ou uma TPM. Mas o fato é que eu continuo pagando pra ver, continuo aqui. Tentando encontrar o motivo. Talvez já tenha encontrado. Vai saber? Talvez não faça sentido mesmo. Só sei que a sensação de agora é linda. Acho que isso é o tal do amor. Sinto muita saudade dos que são e dos que foram. Uma vontade de fundir todo um passado numa coisa só, ao alcance das minhas mãos... Peraí, mas essa coisa sou EU! É por isso que dói. Mas de um jeito bonito.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

quatrocentos e quatro

Gripsuína

Tudo começou no sábado. Barzinho na Zona Sul, gringos, chuva e até produtora de reality show da Globo. No dia seguinte, meu namorado caiu de cama. Logo depois fui eu. Gripe. Suína? Possivelmente. Não dá pra ter certeza, porque os exames agora só são feitos em casos graves. Tudo bem, eu sei que não faz diferença. Gripe é gripe. Venha ela do porco, da galinha ou do namorado...

Mas que gripe do mal! Tudo dói! Numa hora é frio; noutra é calor. E não dá vontade de levantar da cama nem pra tomar banho (OINC). Depois de passar a semana inteira na cama, resolvi levantar hoje pra resolver alguns problemas no mundo lá fora. Depois de um banho caprichado, a pressão caiu. Joguei alguns sintomas no Google: "febre, dor no tórax, falta de ar, dor de cabeça..." e aproveitei pra acessar um site de notícias. Afinal, informação nunca é demais. Simultaneamente, caí numa página sobre os sintomas da pneumonia e numa notícia sobre a morte do traveco do bafafá do Ronaldo. Não é que o traveco morreu de pneumonia? Na mesma hora chamei um táxi e fui num posto de saúde aqui perto.

Chegando lá, o cara da recepção parecia um surdo que só sabia dizer "não". E olha que, segundo a minha pesquisa, lá teria a especialização em pneumologia. Vale acrescentar que eu tentei ligar antes de sair de casa. Em vão.

Irritada, peguei um ônibus pro Fundão. "Se o 'Mocotó' foi atendido lá, então é pra lá que eu vou", pensei. Na recepção, fui orientada a ler um cartaz antes de mais nada. No cartaz dizia que o atendimento para os casos de influenza se limitariam aos pacientes idosos, portadores de doenças crônicas, imunodeficientes e etc. Se a primeira enfermeira que me atendeu foi curta e grossa, o segundo foi todo simpático. Mas depois de uns 10 minutos de conversa, o máximo que ele fez foi medir minha pressão e me mandar pra casa. Não consegui nem um nome de remédio pra tomar.

O mais interessante nessa história é que eu já estive no telhado do Hospital Universitário, como imprensa, realizando imagens de apoio para uma matéria sobre a construção do Bandejão. E como paciente, não consegui passar da recepção. "Saúde pública é um negócio complicado", falou o enfermeiro simpático. "No seu caso, encaminhamos prum hospital com emergência. Mas se eu fosse você, iria pra casa descansar". Que bom! Afinal, se eu quisesse sassaricar, teria escolhido uma temática mais interessante do que o SUS. No fim das contas, foi um bom conselho. Se eu chegasse em pé e consciente numa emergência, não seria levada a sério. Medicina preventiva está fora da nossa realidade. Nêgo só é atendido se estiver agonizando.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

quatrocentos e três

Post bom é post velho!

As minhas melhores leituras deste blog são as releituras dos posts de mais de um ano de existência. Nada como uma leitura com o devido distanciamento!