segunda-feira, 18 de outubro de 2010

quatrocentos e quarenta e seis

Supernutritivo

Não sei o que acontece com as pessoas, nem exatamente quando, mas o fato é que nego cresce e adquire um monte de frescura. Depois de passar anos da infância praticando todo tipo de nojeira, entra numa de valorizar a higiene de uma forma quase doentia. Se eu fosse me basear pelas coisas que eu ingeri na minha infância, jamais torceria o nariz para nenhuma comida. E ainda me permitiria degustar muitas não-comidas. Esse post era pra ser uma homenagem ao Dia das Crianças. Atrasou um pouquinho, mas aí vai.

As coisas mais bizarras que eu comi na minha infância. E olha que, felizmente, nunca comi merda. (Ufa!)



1. A Bíblia Sagrada... Nas aulas de catecismo sempre rolava o campeonato pra ver quem comia o maior pedaço de papel. E, bom... digamos que eu sou meio competitiva. E foi Deus quem me fez assim... Ou não?

2. Cordão de macarrão. Trabalhinho de artesanato da escola. Você pega o macarrão e usa como miçanga. No caso do meu cordão, tenho a impressão de que ele foi pintado com canetinha. Enfim... depois de anos e anos jogando o acessório/brinquedo de um lado pro outro, me dei conta que aquelas miçangas nada mais eram que macarrão cru. Aí já viu, né. Comi tudo. Do jeito que tava.

3. Sabe esses programas matinais de dona de casa? Uma vez ensinaram a receita de massinha caseira. Era feita com ingredientes de cozinha mesmo: farinha, leite, ovo... essas coisas. E anilina, claro! Minha avó preparou várias cores pra mim. Eu brinquei pra caramba com as massinhas: no chão, nas mesas... Fazia minhoquinha, bonequinho... e comidinha! Semanas depois, não tinha sobrado nenhum pedaço da massinha. Teria evaporado?

4. Nego gosta de incentivar as meninas a serem "do lar". Nessa, eu ganhei um liquidificador de plástico e uma batedeira, ambos cor-de-rosa. Não tinha nenhum forninho de brinquedo pra cozinhar as misturas. Com isso, eu ficava com potes e mais potes de ovo cru, batido com açúcar. E tinha que botar pra dentro, claro! Afinal, qual é a graça de brincar de comidinha com comida de verdade e não degustar as gororobas?

5. Meu avô tinha um bordão: "Vai lamber sabão!". Preciso contar o resto?

6. Esses brilhos labiais de frutinha são tão bonitinhos! Certa vez, arrumei alguns que, além da embalagem e do cheiro de fruta, também tinham gosto de fruta. Comi tudo com o dedo. Tipo Danoninho.

7. A sabedoria popular da escola primária dizia que comer formiga fazia bem pra vista. Aí resolvi suspender o salgado da cantina e cair de boca nas formigas do parquinho.

8. Minha avó fazia bolos decorados. Com isso, os armários da cozinha eram cheios de corantes e anilinas. Eu não gostava de leite puro, mas tudo mudava quando o leite ganhava as mais variadas cores e ficava parecido com aqueles drinks da TV. Bom... eu ainda desconhecia uma doença chamada câncer.

9. As garrafinhas de Coca-Cola foram um clássico da minha geração. Praticamente todo mundo tinha essas miniaturas decorativas. A miniatura era tão perfeita, que eu cismei que tinha Coca-Cola dentro. Abri uma das garrafinhas e bebi. O líquido tinha um gosto horroroso de ferro. Não satisfeita, eu bebi os meus 2 engradadinhos, só pra ter certeza de que nenhum deles escondia o meu refrigerante preferido. Pois é... Era tudo falso mesmo.

Tenho que lembrar do tipo de coisa que eu comia na infância quando aparecer aquele cabelo na minha comida. No fim das contas, sobrevivi e fui uma criança bastante saudável até.