segunda-feira, 28 de abril de 2008

cento e trinta e oito

Deixa eu comer a tua caraca? É que a minha acabou...

terça-feira, 22 de abril de 2008

cento e trinta e sete

E eis que, do âmago do umbigo, surge a caraca.

cento e trinta e seis

- Terceira tentativa.
- Já é.
- Como você aumentou a visitação do seu blog?
- Simples! Melhorando a qualidade do meu texto.
- Como funciona essa técnica?
- Ah, é só adequar o texto às expectativas do leitor. Escrever sobre coisas que as pessoas querem ler, em vez de escrever sobre as coisas que você quer falar.
- E funciona?
- Claro! As pessoas gostam de repetição, de saturação. Lidar com novidade é algo pesado pras pessoas em geral.
- E se encontram?
- Se encontram?! Aproveita que nego vai ler isso e bate com a cabeça no teclado nessa partegbhvtvtghy665t54r45re56565432w34
- Bonito, isso de tornar o texto mais dinâmico.
- Pois é. Agora eu posso copiar e colar coisas de outros sites aqui.
- Você não acha que essa revelação pode ser frustrante para o seu público?
- Nego se amarra.
- Você acha?
- Acho. Acho tudo no Google.

cento e trinta e cinco

- Eu nunca sei quando você tá falando sério.
- Burrão.
- E se eu te perguntasse tudo de novo?
- Vamos lá.
- Como você aumentou a visitação do seu blog?
- Comentando nos blogs dos outros, bobinho. Todo mundo faz isso.
- Como funciona essa técnica?
- Ah, você sabe. Chega num blog avulso, no site da pessoa, no fotolog, qualquer merda, e elogia qualquer porcaria que esteja lá. Mas tem que comentar numa postagem recente. Se não, nego nem lê.
- E funciona?
- Sim. Principalmente se a sexualidade da pessoa for compatível com a sua.
- E se encontram?
- Nada. Só na imaginação.
- Bonito, isso de conquistar o imaginário de uma pessoa.
- Putaquiupariu. Jornalista é tudo burro assim mesmo? Tu não entende nada, né?
- Calma. É só me explicar.
- Porra! A parada é bem mais intensa e profunda que qualquer dessas experiências anais que você já viveu!
- ?!?!?!
- Você não acha que essa revelação pode ser frustrante para o seu público?
- Não. Meu público se amarra em intensidade e profundidade. Nego tá buscando o âmago dos próprios umbigos.
- Frase bonita.
- Fofinha, né?
- Muito! Emocionante!
- ...
- Mas qual é o propósito disso tudo?
- Sexo, oras!
- Huuum. Você me confunde.
- Obrigada.
- Acho que podemos ficar por aqui. Agora, em off... Como é aquele esquema do dildo?
- Vira aí, que eu te mostro.

cento e trinta e quatro

- Você não acha que essa revelação pode ser frustrante para o seu público?
- Acho.
- Então você quer, propositalmente, frustrar seu leitor?
- Sim.
- Por quê?
- Porque eu me divirto decepcionando as pessoas.
- Não. Falando sério, qual é o propósito desse jogo?
- Lobotomia, óbvio.

cento e trinta e três

- Como você aumentou a visitação do seu blog?
- Foi bem fácil. Saí falando pra todo mundo que eu escrevo sobre eles.
- Como funciona essa técnica?
- Simples! É só falar "eu escrevi sobre você no meu blog num dia desses". A pessoa vai se sentir especial e vai querer saber o que foi escrito sobre ela.
- E funciona?
- Claro! Nego começa a se procurar em tudo que eu escrevo.
- E se encontram?
- Frequentemente.
- Bonito, isso de você escrever sobre as pessoas que estão ao seu redor.
- Errr... Eu não faço isso.

cento e trinta e dois

Pião. Liquidificador. Bailarina. Roda gigante. Ralo. Bambolê. Roleta. Disco. Rolo. Espiral. Órbita. MCU. MCUV. Ciclo. Círculo. Circo. Ciranda. Girando. Tonteira, pressão, agonia.

Senóides. Girando e ondulando. Primeiro sinal de ressaca.

terça-feira, 15 de abril de 2008

cento e trinta e um

Você quer fazer o favor de parar de entender errado todas as coisas erradas que eu falo com o objetivo de fazer com que você efetivamente entenda o que eu realmente quero expressar?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

cento e trinta

- Eu não disse nada disso.
- Tô botando palavras na sua boca, né?
- Uhum. Outra coisa além de palavras.
- É? Que outra coisa? Não tô botando nada. Você não tá deixando! Tá me dando as costas...
- Lógico! Você quer ficar me entrevistando... Desliga esse gravador!
- Ué, eu tenho que fazer a entrevista!
- Não vai dar certo!
- Porque você não fala!
- Não! Porque você tá em cima de mim!
- Ah, então eu vou ficar longe de você... Agora você vai falar?
- Não.
- Então!?
- Agora tá frio...
- Tá frio? Morra de frio então! Você reclama que eu fico em cima de você...
- Não tava reclamando. Só tava falando que é antiético prum jornalista... Já imaginou ficar entrevistando todas as pessoas em cima delas?
- Por quê você acha que eu escolhi Comunicação? Vou fazer isso todos os dias!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

cento e vinte e nove

Ela passou pela roleta e resolveu sentar no primeiro banco que viu. Tinha um senhor de idade, todo esparramado, sentado no canto da janela. Pernas abertas e braço apoiado na parte vazia do banco. Ela pediu licença e sentou. Como ele não moveu nenhum músculo, ela resolveu jogar a bolsa - "sem querer" - na perna dele, pra ver se ele percebia que estava invadindo o espaço alheio.

Ele olhou pra ela, analisou tudo e continuou todo esparramado. Ela resolveu empurrar a perna dele pro lugar onde deveria estar, usando a própria perna. Foi aí que o velhinho resolveu encarar ainda mais, com cara de tesão. E voltou a se esparramar.

Ela levantou e arrumou outro assento. Outra mulher passou pela roleta e resolveu sentar no primeiro lugar que viu. Mesma sequência de fatos. E mais outra passou pela roleta. E sentou ali mesmo.

Aconteceu tudo de novo. A roleta girou. Dessa vez, era um homem. Ele resolveu sentar no primeiro lugar que viu (o único vazio do ônibus). Um senhor estava todo esparramado, mas logo se encolheu no canto da janela. Ele resmungava bastante, coisas inteligíveis. A postura rústica do senhor acabou por deixar o homem com tesão. E ele foi se esparramando, roçando naquela perna cheia de fios branquinhos. O velhinho olhou assustado. E foi cumprimentado por um sorriso levado.

Imediatamente, o velhinho se levantou. Preferiu viajar em pé.

terça-feira, 8 de abril de 2008

cento e vinte e oito

É fácil de saber o que mais falta na vida de uma pessoa. Basta observar seu maior objetivo de vida, a coisa que ela mais quer, o que ela mais prega. Essa é sua maior carência.

O cara prega que a fome no mundo precisa acabar.
Maior carência: comida.

A mulé prega que a instituição "família" deve ser preservada.
Maior carência: família.

O adolescente prega que não é mais criança.
Maior carência: maturidade.

O socialista prega que é preciso distribuir a renda.
Maior carência: dinheiro.

A pessoa prega pela verdade.
Maior carência: sinceridade.

A garota prega que as pessoas precisam ser mais vaidosas.
Maior carência: beleza.

Se pregar que as pessoas precisam ser mais inteligentes, a carência é da própria.

A maior carência de uma pessoa que só fala de sexo, é o próprio. O mesmo vale pro amor, pra felicidade, pra tristeza e pra todos os sentimentos.

A maior carência de um padre? Deus!

E a de quem fica desmascarando as carências alheias?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

cento e vinte e sete

Fulaninho, como todos os homens, DE-TES-TA ir ao shopping. Porém, depois de constatar que todas as suas roupas estavam furadas, decidiu sair naquele domingo chuvoso para fazer compras.

Prático, Fulaninho decidiu resolver tudo numa única loja. Ele conhecia uma bem legal, onde poderia comprar sapatos, calças e camisetas. E o atendimento, ele sabia que era ótimo.

Chegando na porta da loja, Fulaninho reconheceu um dos rostos que circulavam pelo saguão. Era aquela mulher... Aquela tesuda, das punhetas... A amiga que ele sempre quis, mas que nunca reparou nele.

Já com um pé dentro da loja, Fulaninho deu a volta e se mandou. Não tem como comprar com uma pessoa com quem você quer algo mais. É uma superexposição capaz de destruir tudo, acabar com todas as possibilidades alimentadas no universo platônico, ruir com todas as inspirações românticas e sexuais. Não pode acontecer.

Imagina se ela descobrisse o tamanho exato das camisas! Pior: das calças!

"Melhor continuar usando roupas velhas. Ou mudar o visual", concluiu.

Ela até viu o cara, mas permaneceu indiferente. Foi atender o casal mais chato de todos os tempos. E uma velhinha. E um grupo de adolescentes. E um garotinho tímido. E uma quarentona que se acha novinha. E uns gringos. E uma tia divorciada. E por aí foi...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

cento e vinte e seis

Entrei no ônibus e sentei no terceiro banco, no corredor. Senti uma cutucada.
- Você também tá indo pro show?
- Não... Mas já? Não tá meio cedo, não?
- A gente veio de São Paulo, não temoS pra onde ir... Por isso já eStamos indo agora.
- Hum...
- Você sabe se vendeu muito ingresso?
- Olha, eu acho que não. Só conheço uma pessoa que vai nesse show.
- E por quê você não vai?
- Sei lá... Não tive coragem de pagar tão caro pelo ingresso.
- Porra! MaS vai ser foda!
- Deve ser, mas não vale o preço.
Puxaram sanduíches(iches) da bolsa. Estavam empolgadérrimos. Achei engraçado os dois estarem vestindo preto. Assim como aquela empogação toda. Um dia eu fui assim, acho. Passei o resto da viagem tentando entender onde foi que perdi esse frescor todo. Os meninos seguiram para o show. E eu, pro trabalho.

Aproveitei o meu horário de almoço para comprar um mp3 player.

cento e vinte e cinco

Nego passa anos enchendo o teu saco pra você se tornar alguém equilibrado, sem excessos, sem fraquezas, sem diferenças. Aí você finalmente atinge tais objetivos, mesmo sem entender muito bem. Eles passam a te respeitar, elogiam a tua maturidade... Mas te acham chato.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

cento e vinte e quatro

- Veja depois dos comerciais: uma entrevista exclusiva com uma das mulheres mais importantes do país.
- Hã? Tá louca?
- Pessoal, essa é a minha amiga Tainá. E aí, Tainá? Veio visitar a gente?
- A gente?! Nós estamos sozinhas nesta mesa faz 2 horas.
- Por favor, tragam um copo d'água pra Tainá. Ela está muito nervosa.
- Não estou nervosa! Estou bem!
- Tadinha! Ela não quer assumir a tensão por estar ao vivo para o país inteiro.
- Nós estamos num bar...
- Gente, a mulher está alucinando! Chamem um médico!
- Cara, pára com isso!
- Parar de te ajudar? Nunca! Coitada... Mesmo fora de si, ainda é prestativa.
- Eu estou bem, porra! Pára de falar com a câmera de segurança, ou então eu vou embora agora.
- Não vá! Não vá! NÃO SIGA A LUZ BRANCA! VOLTA PRA CÁ! NÃAAAAO!
- Chega! Essa brincadeira não tem graça. Tá me irritando! Vou embora.
- Acorda, Tainá... Taína?
Pela primeira vez, olha ao redor. Uma cadeira vazia ao lado. Vira pra câmera novamente:
- Oh, não! Ela se foi.
E surge um grito tão alto, que corta todo a gritaria do ambiente:
- EU QUERO O COOOOOOOOOOOOOOORPO!
O silêncio dura alguns segundos, mas logo volta a maçaroca sonora. Um garçon se aproxima da mesa, apressado, larga um copo e some na multidão.