sexta-feira, 30 de novembro de 2007

setenta e dois

O ônibus pára. Sobe uma mulatinha, toda vaidosa. Roupa nova, cabelo penteado, perfume. Ela senta ao lado do loirinho do banco bem na minha frente. Ele olha para a rua, enquanto ela foca no corredor. Ninguém invadindo a área de ninguém. Tudo dentro dos princípios da moral e ética dos transportes públicos.

Três pontos depois, uma mão na coxa. Espanto, sorriso, "cheiro". Beijo. Língua. Saliva.

Mais beijo.

Mais.

-Você vai pra onde?

Os dois descobrem que iam para lugares bem próximos. Ele levanta e puxa a cordinha. Nem se despede.

Ela salta no ponto seguinte.

Sem nomes.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

setenta e um

É possível sobreviver à terceira década?

domingo, 25 de novembro de 2007

setenta

O pau desvirtua o homem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

sessenta e nove

Isso tinha que ser proibido! Tudo bem que a gravidade derruba as coisas mesmo, mas tá um absurdo de coisa caindo do céu! Fezes, vasos de plantas, água-eca-de-ar-condicionado, suicidas, aviões... E a coisa tá piorando! Andar na rua é um perigo! Olha só isso! Pingando vergonha do céu! Safadeza! Três pingos, bem aqui na minha cara! Puta merda!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

sessenta e oito

Vou me trancar no meu laboratório secreto, liberar minha personalidade alquimista e transformar depressão suicida fragilizante em instinto assassino egocêntrico.

Adeus, mundo cruel!

sessenta e sete

Assalariado adj. e sm. infeliz vítima do prefixo a, que ainda acredita inocentemente que será devidamente remunerada na data prevista.

O prefixo a é usado na palavra assalariado para iludir o trabalhador. Este é levado a acreditar que se trata de um prefixo latino, direcionador e/ou aproximador, como nas palavras abaixo e apressar. Porém, na prática, funciona como prefixo grego, de negação e/ou separação, como nas palavras acéfalo e anormal. Maldade!

sessenta e seis

Você poderia me dar licença, por favor? Sabe como é, né? Eu tô tentando me esconder do mundo... Desaparecer, saca? Se você continuar aí, não vai dar certo.

sessenta e cinco

Música boa é aquela que mexe com o esôfago. Paixão boa também.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

sessenta e quatro

Eu sei ser ainda mais insuportável. Quer ver?

sessenta e três

Você me faz sair correndo pela casa, com cocô pendurado no cu, só pra atender o telefone. É que existe a remota possibilidade de ser você do outro lado. Mas nunca é.

Odeio telemarketing.

sessenta e dois

Concluir que uma dor faz parte do passado é aceitar a vulnerabilidade inerente ao presente. É mais fácil fingir que não passou e lidar com sentimentos que não pertencem às circunstâncias temporais vigentes do que aceitar que tudo ainda pode dar errado e assumir o risco. Deslocar sentimentos de suas cronologias é uma fuga covarde.

sessenta e um

I hurt myself today
to see if i still feel
i focus on the pain
the only thing that's real
the needle tears a hole
the old familiar sting
try to kill it all away
but i remember everything

What have i become?
My sweetest friend
Everyone i know
Goes away in the end

you could have it all
my empire of dirt
i will let you down
i will make you hurt

i wear this crown of shit
upon my liar's chair
full of broken thoughts
i cannot repair
beneath the stains of time
the feelings disappear
you are someone else
i am still right here

what have i become?
my sweetest friend
everyone i know
goes away in the end


you could have it all
my empire of dirt
i will let you down
i will make you hurt

if i could start again
a million miles away
i would keep myself
i would find a way

(NIN - Hurt)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

sessenta

Quem dá mais?

cinquenta e nove

Muita gente! Ruas lotadas, ônibus lotado, shopping lotado... Às vezes fica difícil de acreditar que essa multidão toda possa ser dividida em milhares de conscienciazinhas. Parece que todas essas pessoas são meros figurantes da minha história. O gênero? Suspense. Com pitadas de romance. Um épico, com várias continuações. E final trágico.

Tanta gente... e eu aqui, tão só.

domingo, 18 de novembro de 2007

cinquenta e oito

Nunca vi mais gorda. Sem preconceitos, eu tento ser educada. Ela é retardada e fala comigo como se me conhecesse há anos.

"Amiga, acho que tá na hora de você cortar o cabelo."

Porra! Eu sei que tá uma merda, mas meu pagamento atrasou. Passei os últimos dias perguntando pra todos os meus amigos se o meu cabelo tava muito ruim. Todos respondiam que estava "ótimo".

Agora você vê... Eu preciso que uma retardada me diga a verdade. Se até ela percebeu, é porque deve estar uma merda mesmo.

Minha auto-estima recebeu um golpe daqueles. Tranquei a porta. Agora só saio de casa quando o meu salário entrar. E vou direto pro salão!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

cinquenta e sete

Onde há pum, há merda.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

cinquenta e seis

Louco(a) é a palavra que eles usam pra definir pessoas sinceras (com elas mesmas e com os outros), que não se enquadram na uniformidade que transforma individualidades em massas homogêneas.

sábado, 10 de novembro de 2007

cinquenta e cinco

Hoje eu quero lanchar no McJive's.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

cinquenta e quatro

"Vamos, filho! Não se junte com essa pleiboizada!"
"Pleiboizada! Pleiboizada! PLRRRLLL!"

cinquenta e três

Vendo ingressos de camarote pro espetáculo "Minha depressão de merda". O espetáculo é interativo. Você pode ajudar a piorar tudo! Garanta já o seu! Suceeeesso de público!

cinquenta e dois

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...

cinquenta e um

De repente, tudo embaçou. Subiu um frio por todo o meu sistema digestivo. Saí correndo pro banheiro. Atravessei a porta cor-de-rosa ao mesmo tempo que uma outra mulher. Ela era esquisita, parecia psycho. Depois de abrir a torneira, ela sacou uma escova-de-dente e um tubo de pasta.

CHUC, CHUC, CHUC, CHUC, CHUC...

No espelho, meus olhos estavam afundados em olheiras e ligeiramente avermelhados. Embaçou tudo de novo e só deu tempo de correr pra dentro da "casinha". Aí embaçou tudo de vez.

Sentia cada lágrima percorrendo o caminho das minhas bochechas, em direção ao centro de gravidade. Em alguns momentos dava até pra focar na minha blusa, que já se encontrava marcada por várias bolinhas mais escuras.

Lágrimas, coriza... Uma cagada só!

Deu pra aliviar. Estresse, cansaço, problemas... Tudo jorrando pelos meus olhos. Foi uma jornada demorada, com vários ciclos de começo-meio-fim. E vários ciclos de mulheres entrando-mijando-saindo.

Alguns minutos depois - chuto algo em torno de meia hora, finalmente criei coragem pra sair da "casinha". Minha cara tava ardendo de tanto chorar. Fui direto na direção da pia. Lavei o rosto. Abri os olhos e... HÃ?!?!?! A mulher que entrou no banheiro junto comigo AINDA estava escovando os dentes!!!

Saí do banheiro meio intrigada. Dei uma volta pra acalmar. Entrei no banheiro novamente e ela ainda estava lá! Desta vez, saindo. Medonho.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

cinquenta

Pra se livrar do "feio do pen drive".

quarenta e nove

Experiência profissional: mais de duas décadas de atividade como personal saco-de-pancadas
Habilidades profissionais: morrer na praia, invisibilidade, artesanato em fezes, técnicas de auto-mutilação, "fazer festa e abanar o rabinho" mesmo pra quem me chuta
Objetivos profissionais: realizar todo o projeto de divulgação dos refrigerantes coreanos Noku e conseguir 90% do share pra marca. Todo mundo tomando Noku!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

quarenta e oito

"Me vê um McLuhan Feliz. Sem picles, por favor."

quarenta e sete

Se o sapato não serve, é porque essa daí não é aquela mulé fodona que tu pegou na buatchy e te deu aquele perdido histórico. Tu só gamou porque ela foi escrota contigo. Pode assumir, vai.

Mesmo que tu encontre ela de novo, duvido que esse sapatinho sirva. É ruim, hein!

quarenta e seis

Parte da humanidade concorda com tudo. Tipo papagaio de pirata, sabe? Tomam pensamentos alheios como autorais e repetem, que nem gravador. Não sabem o que dizem.

A outra parte discorda de tudo. Sempre existe um porém. Tudo tá errado. Tudo é questionável. Também não sabem o que dizem. Mas, pelo menos, sabem o que o outro diz. Só pra ter do que discordar.

E onde se encaixam os seres dotados de cérebros funcionais e produtores de opinião crítica?

Encaixam?!

Caixa?

Hein?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

quarenta e cinco

Vovó toy. Pufe de algodão. Passos curtos, lentos, plenos. Tempo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

quarenta e quatro

"Amanhã costuma chover..."
"É... Hã?"