quarta-feira, 9 de abril de 2008

cento e vinte e nove

Ela passou pela roleta e resolveu sentar no primeiro banco que viu. Tinha um senhor de idade, todo esparramado, sentado no canto da janela. Pernas abertas e braço apoiado na parte vazia do banco. Ela pediu licença e sentou. Como ele não moveu nenhum músculo, ela resolveu jogar a bolsa - "sem querer" - na perna dele, pra ver se ele percebia que estava invadindo o espaço alheio.

Ele olhou pra ela, analisou tudo e continuou todo esparramado. Ela resolveu empurrar a perna dele pro lugar onde deveria estar, usando a própria perna. Foi aí que o velhinho resolveu encarar ainda mais, com cara de tesão. E voltou a se esparramar.

Ela levantou e arrumou outro assento. Outra mulher passou pela roleta e resolveu sentar no primeiro lugar que viu. Mesma sequência de fatos. E mais outra passou pela roleta. E sentou ali mesmo.

Aconteceu tudo de novo. A roleta girou. Dessa vez, era um homem. Ele resolveu sentar no primeiro lugar que viu (o único vazio do ônibus). Um senhor estava todo esparramado, mas logo se encolheu no canto da janela. Ele resmungava bastante, coisas inteligíveis. A postura rústica do senhor acabou por deixar o homem com tesão. E ele foi se esparramando, roçando naquela perna cheia de fios branquinhos. O velhinho olhou assustado. E foi cumprimentado por um sorriso levado.

Imediatamente, o velhinho se levantou. Preferiu viajar em pé.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hahahaha Sensacional!

Lenina disse...

hahahahahahaahhahaha