quinta-feira, 13 de março de 2008

cento e dezesseis

- Ei!
- Quem é você???
- Eu sou a Ficção! Tudo bem?
- Como assim?!?!?!
- Pois é. Vim aqui pra saber o que você tem contra mim.
- Pára tudo! Por que isso?
- Eu sei que você não gosta de mim. Só quero entender o motivo.
- Bem... Não é nada pessoal, não. Mas te acho meio falsa.
- Qual foi? De onde você tirou isso?
- Ué, você é uma mentirada só!
- Você está enganada! Eu sou a verdade! Você é que não vê!
- Fala sério! Você é só um personagem! Você é apenas a personificação de um conceito! Você nem mesmo fala! Isso aí é tudo ficção. É balela, mentirada pra atingir algum objetivo comunicativo que não pôde ser alcançado através de fatos reais.
- Como pode eu não existir se eu faço parte deste momento? Essas coisas que você diz me chateiam.
- Olha, desculpa. Eu entendo o seu desespero. Mas não sei como te ajudar.
- Só me fala por que você não gosta de mim.
- Não gosto de você porque você se mete nos momentos reais. Você estraga a beleza dos sentimentos puros e naturais.
- Tá me chamando de intrometida???
- Sim.
- Isso é um absurdo! Eu NUNCA me meto nos assuntos dos outros! Só não posso fazer nada se alguém resolve me incluir em alguma situação! Não vou deixar ninguém na mão.
- Por que alguém incluiria você?
- Porque eu sou real, meu bem. Quer você queira, quer não.
- Ficção não é real, cacete!
- Como não???
- Você não existe, caramba!
- Ah, não? Então me diz o que eu faço aqui?
- Aqui onde?
- Aqui mesmo. Neste diálogo.
- Sei lá. Você se meteu, pra variar.
- Não é verdade. Só estou tentando uma aproximação. Você implica comigo só porque não me conhece direito.
- Humpf! Você é mais chata do que eu imaginava... Sai fora daqui! Ninguém te chamou aqui!
- Tá certo, sua grosseira! Você sabe como me encontrar. Tchau.

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