domingo, 25 de abril de 2010

quatrocentos e trinta e oito

Ah, os direitos humanos...

Esse negócio de declaração universal de direitos humanos é a maior furada da contemporaneidade! É baseada em conceitos que estão longe de serem partilhados por todos. Como eu gosto de cutucar as pessoas, driblei minha gripe e vim aqui cuspir algumas considerações sobre o assunto.



Artigo I
Como assim todos nascem livres e iguais? De onde tiraram isso? Não conheço 2 pessoas que tenham nascido nas mesmas condições e com liberdade de escolha. Que eu saiba, só começam a nos conceder as primeiras liberdades muitos anos depois que começamos a falar. Não venha me dizer que o filho de uma mendiga nasce nas mesmas condições de dignidade que o filho de uma grande empresária. Poupe-me da hiprocrisia! "Devem agir com espírito de fraternidade"... Claro! O espiríto de fraternidade é fundamental para conter as emoções mais ameaçadoras de qualquer pessoa. Muito conveniente!

Artigo II
Se todos temos a capacidade de gozar dos tais "direitos humanos", então concordamos que faltam oportunidades!

Artigo III
"Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal". Desde que possa pagar por elas, obviamente!

Artigo IV
A escravidão é proibida. Mas trabalhar que nem um filho da puta pra não conseguir nem mesmo pagar as contas no final do mês, aí tudo bem.

Artigo V
Ninguém deveria ser submetido a tratamento desumano... Mas engarrafamentos, hospitais sem médicos, assaltos regulares e traições conjugais não têm problema. Pra não falar das dinâmicas de grupo!

Artigo VI
"Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei". Até mesmo os desumanos!

Artigo VII
Se todos são iguais perante a lei e têm os mesmos direitos, alguém pode me explicar o mecanismo que dá a pessoas dotadas de determinadas características físicas específicas o direito de acusar outras de preconceito por causa de metáforas enquanto outras simplesmente não podem reclamar? Queria ter sido mais direta aqui, mas esse assunto deve ser tratado cheio de dedos. Principalmente porque eu, apesar de já ter sido comparada com coelhos, baleias, leoas e aves, nunca fui comparada com nenhum primata (vale ressaltar que os humanos também pertencem à ordem dos primatas). Isso pra não falar dos direitos básicos que são constantemente negados a quem não tem dinheiro.

Artigo VIII
"Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei". Ah, claro!

Artigo IX
"Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado". E os engarrafamentos? E as enchentes? E os tiroteios? Já cansei de ficar presa em pontos de ônibus por falta de carros e/ou de espaço dentro deles. Pra não falar das filas de banco!

Artigo X
Todos têm direito a julgamento imparcial, mas a possibilidade de comprar o próprio veredicto é uma característica inerente ao capitalismo. Não tem a ver com direitos humanos, né?

Artigo XI
"Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente (...)", assim como toda pessoa inocente tem o direito de ser presumida delituosa, oras! Principalmente se for em panelinhas de fofoca!

Artigo XII
"Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação". A pergunta é: quem nunca é obrigado a passar por essas situações constantemente?

Artigo XIII
"1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado". Locomoção a pé. E pode residir nas beiras dos valões, ou nos lixões, ou em qualquer outro lugar que não "atrapalhe o sábado".
"2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar". É só comprar as passagens!

Artigo XIV
"Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países". Se não for executado antes.

Artigo XV
VENDO NACIONALIDADE! Nunca usada! Leve três pelo preço de duas!

(continua... ou não)

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