quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quatrocentos e trinta

Tá chovendo macarrão

Viagem tranquila, até que o ônibus pára (foda-se a nova ortografia) no ponto/sinal da Central do Brasil.

Uns pivetes, na calçada, avaliam a bolsa de uma mulher sentada perto da janela, no banco alto. Enquanto isso, um rapaz de roupa social, sentado bem atrás da mulher, repara nos moleques e entende suas intenções. Ele fica atento, até que um dos pivetes percebe e tenta roubar o guarda-chuva que ele carregava no colo.

Pra quê?!

O rapaz de roupa social puxa o guarda-chuva de volta e chama os pivetes pra dentro do ônibus, já arregaçando as mangas. Os moleques atendem ao pedido e são barrados na porta à base de chutes no peito. O rapaz de roupa social volta ao seu assento.

De repente, todos que acompanham a movimentação se afastam das janelas. "Vão tacar pedra", um passageiro gritou. E então eu vejo aquilo tudo vindo na minha direção e não consigo nem me proteger.

Sinto o impacto.

Olho pra baixo.

Era macarrão. E arroz. Umas batatas. Farofa, talvez.

"Jogaram uma marmita!", uma voz feminina surge de algum lugar.

Que morram de fome!

O sinal abre. O ônibus segue. Passo a mão no cabelo e na roupa, pra tirar os restos de comida. Horas depois, ainda encontro resíduos na minha blusa.

Nessas condições, não há fluoxetina que salve o carioca da depressão crônica.

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