segunda-feira, 19 de outubro de 2009

quatrocentos e treze

Considerações sobre os profissionais e instituições de educação

Lá vamos nós para a década de 10 e as instituições de ensino estão muito longe de se adaptarem à realidade que vivemos.

Não faz muito tempo que a vida não era em função dos computadores. Ainda resta alguma lembrança remota do funcionamento de uma rotina naqueles tempos que nunca mais voltarão. Lembro que o dia se dividia em blocos de atividades: estudo, lazer e descanso. Era assim porque eu era criança, né? Os adultos tinham o bloco de trabalho e normalmente não tinham o do estudo. Até porque naquela época não se estudava tanto, muito menos depois da vida adulta.

Hoje, um dia de atividades é situado entre o ligar e o desligar da máquina. As atividades são realizadas paralelamente a isso. Mas os profissionais de educação não querem aceitar a mudança. O fato é que acostumamos a gerenciar um fluxo muito mais intenso de informações, tornando a nossa relação com conteúdos algo muito mais rápido e intenso. O modelinho de sentar a bunda numa cadeira e passar horas e horas ouvindo historinhas de um professor, por mais qualificado que seja, não funciona mais. Não estimula, nem mesmo atinge as novas expectativas de conteúdo por hora.

Outro fator que não é levado em consideração são os transtornos emocionais. Todo mundo sabe que os casos de distúrbios emocionais não param de aumentar, mas esquecem que isso também afeta a vida escolar. Pessoas que passam meia década comprometidas a comparecer diariamente a uma instituição de ensino devem se considerar sortudas se concluem sua formação sem nenhum problema psicológico. Esse tipo de problema leva a situações complicadas, tais como síndrome do pânico, apatia e depressão, entre outras. Essas pessoas podem enfrentar dificuldade para atender às exigências de frequência, por exemplo. Porque ninguém consegue controlar os problemas emocionais por 75% do tempo, a fim de cumprir a carga horária estabelecida como ideal. Essa regra desconsidera completamente qualquer adversidade e muitos profissionais de educação ainda são rígidos quanto a ela. É como se a universidade fosse uma instituição que compartilha dados sigilosos, impossíveis de se ter acesso através de nenhum outro meio. Desculpa, mas temos TUDO na internet. Limitar as fontes de informação aceitáveis é um indício grave de alienação. Isso pra não entrar de novo no tópico dos professores carentes, que já falei em algum outro post.

Voltando às fontes de informação, outro ponto que se deve levar em conta é o autodidatismo. Os maiores gênios eram péssimos alunos, mas autodidatas esplêndidos. O filme Gênio Indomável é um bom exemplo desses casos. Como é que as instituições de ensino ainda não oferecem flexibilidade para que alunos que não dependem de atenção constante possam desenvolver seus conhecimentos? O molde do professor-babá se oficializou, porém não me parece o mais adequado para alunos com capacidades intelectuais normais. Com um mínimo de disciplina é possível concluir um curso de graduação sem necessariamente ser um expert no assunto. Um autodidata apaixonado por determinado tópico vai muito além e pode não conquistar o tal diploma se considerar a sala de aula como o ambiente mais hostil do mundo.

Nós, seres humanos, construímos um acervo de informação incrível, que está ao nosso alcance como nunca esteve. Se os profissionais e instituições de educação não compreenderem isso logo, vão perder completamente o meu respeito enquanto organizações de referência intelectual. E espero que não somente o meu. Não precisa de muito estudo pra perceber que o mundo girou.

Um comentário:

Raven disse...

isso sem contar no ato abominável (sem contar criminoso) de exigirem Xerox!!!! XEROX!!!! Gente, O QUE É XEROX?!?!?!?! Paramos na década de 50??? Dá vontade de dar um tiro! Porra, pra que cortar mais árvores e gastar mais papel se tudo hoje se resume a alguns megabytes no seu HD.

Fala sério!!!

Porra, prefiro gastar tempo escaneando algo do que xerocando uma porcaria que vai ficar largada às traças (literalmente) no meu quarto. Ou que vai pro lixo e criar mais um monte de papel inútil.

Esse mundinho intelectual hipócrita devia se render logo ao virtual. Não adianta mais ficar dando murro em ponta de faca.

¬¬