quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quatrocentos e seis

Publicidade: a arte da sedução. E o Quico.

Eu me considero apaixonada pela arte da sedução. Não pela publicidade em si, mas pela arte/técnica de conquistar as pessoas através de um produto pronto, seja ele música, texto, anúncio ou whatever. Resolvi buscar empiricamente a origem desse interesse. Minha infância foi bastante lúdica, fui uma criança muito criativa, tive contato com várias artes desde muito pequena... Mas isso ainda não justifica.

Todo mundo tem aptidões bem claras desde cedo. O que eu observo é que muita gente segue essas aptidões e alguns poucos optam por tentar desbravar exatamente as áreas em que encontram dificuldade. E o meu empirismo foi além: é comum que os que não têm muitas aptidões se agarrem a elas com todas as suas forças. Assim como também é comum que pessoas com muitos talentos acabem se confundindo um bocado na vida. É por isso que eu respeito mais os "desorientados" do que os "bem-resolvidos". Pessoas inteligentes estão sempre buscando. Só os estúpidos acreditam ter encontrado alguma resposta definitiva na vida.

E o Quico? Muito simples: eu não tinha talentos sociais, nunca soube me relacionar com as pessoas. Sofri muito na infância com adjetivos relacionados à chatice e feiúra. Pra ser sincera, continuo com a mesma personalidade retraída, teimosa e ligeiramente fria. Não sei demonstrar carinho, não sei cultivar amizades. E tenho fortes tendências sincericídias. Quanto à feiúra, bom... nunca fiz nenhuma plástica. Só tratamento dentário. Em algum momento percebi as minhas qualidades e passei a abstrair os meus defeitos. E as pessoas notaram. Passei anos comunicando a mensagem errada, I guess. Ser culta, boa aluna e introvertida pode ser algo traumático pra uma criança. Mas todos os meus professores acreditavam em mim. Ao menos eles.

Os professores de Matemática e Ciências realmente acreditavam no meu sonho de estudar Astronomia. Já os professores de História e Geografia apostavam que eu seria professora. Os de Língua Portuguesa e Redação apostavam no meu talento como escritora. Acabei dando a volta ao mundo acadêmico, sem encontrar respostas definitivas. Até agora.

Depois de todo o trauma de patinho feio e todas as crises existenciais, finalmente encontrei uma direção: a arte da sedução. Óbvio! Estava na cara o tempo inteiro! A principal habilidade que me faltava! E aqui estou, publicitária. Cada dia menos empolgada, afinal, quanto mais domino uma técnica, menos me interesso por ela.

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