segunda-feira, 28 de setembro de 2009

quatrocentos e oito

Vovô bundão

Oito horas da manhã, centro da cidade, ônibus lotado. Viajo em pé, as pessoas do fundo são sempre as primeiras a descer e não param de me empurrar pra passar. Atrás de mim, um senhor de seus sessenta e poucos anos, todo empinado, enquanto eu sou quase jogada no colo das pessoas sentadas:
― Ô, vovô! Aqui não é lugar pra você ficar recordando seus bons momentos da juventude! As pessoas querem passar!
Nego fica chocado, mas entende o meu ponto. O velhinho continua lá, praticamente uma seta:
― Fala sério! Atrofiou nessa posição? Desencosta essa bunda murcha da minha!
Alguns riem.
― Porra! Eu vou mesmo ter que morrer amassada pros outros passarem?
Nada muda, exceto pela minha desistência.


Não quero ficar velha, não!

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